Comércio Tradicional – Memórias Futuras

APRESENTAÇÃO DE DIAPORAMA E LIVRO  
No Museu da Vila Velha, a 8 de Outubro de 2016, pelas 16:00 h, decidiu-se fazer história com uma coisa que ainda existe, apesar de tudo.

O Museu deu as boas vindas, a Câmara Municipal equacionou a importância, o Arquivo de Memórias agradeceu a estes, ao autor, Duarte Carvalho, e à matéria que deu a ideia e foi a origem da realização da iniciativa.
 
Faltam-lhe três ou quatro anos
para morrer. Mas quem pode adivinhá-lo,
de tão novo? O engraxador do largo
passa em direcção ao Excelsior.
 
É sexta feira, dia de cruzes
no totobola. O café dos anos vinte
morrerá um pouco antes.
A Drogaria da Praça, quartel general
aos sábados, morrerá pouco depois.
Mas ninguém o sabe ainda,
nesta manhã de Setembro. Só por isso
vale a pena arriscar um pouco a sorte,
preencher devagar o boletim.
 
Diz-se que há sempre uma hipótese.
É assim que o sistema funciona. Mas
para onde foge o tempo?
Para onde vai tanta força?
 
Restos de grandes fogueiras.
É para isso que as pessoas vivem.
.
                                   Vítor Nogueira, ComércioTradicional.2008
.
 
O Comércio tradicional foi uma forma de fazer e viver que passou com(o) o tempo, e mudou, ou antes acabou, com o progresso, e a globalização, o aparecimento das grandes superfícies e a sua economia de mercado e condições atrativas, que desviaram os clientes. Os seus estabelecimentos tinham características próprias e distintivas, uma aparência arcaica e um mostruário próprio em termos de organização e conteúdo, generalista ou específico. Apresentavam ainda um intrínseco carácter de proximidade com o cliente em termos de relação comunitária, identidade e comunicação, que já não existem hoje, com o ser impessoal do hipermercado.
Tudo isso passou de forma inapelável e já ninguém trata os clientes pelo nome…
A não ser nos poucos exemplos desta outra forma de fazer o comércio, que ainda resistem por teimosia, por saudosismo ou por necessidade de subsistência, apesar da fraca rentabilidade financeira.
É aquilo que ainda existe, numa homenagem e agradecimento franco aos seus proprietários, que mantêm o valor patrimonial que têm em mãos sabe-se lá como, que mostrámos em diaporama e livro.
21 estabelecimentos, generalistas ou específicos, do mais variado ramo, desde o vestuário às papelarias, dos utensílios e miudezas aos artífices, do material de construção e agrícola à eletricidade. Já não há mercearias em Vila Real, mas mostrámos a única que ainda está equipada, e de que maneira…
 
E o futuro? Esperamos que haja futuro, mas a realidade demonstra que é quase impossível…
Talvez as modas virem e possam chegar a este comércio de outros tempos.
Para já fica este este nosso contributo, estas MEMÓRIAS FUTURAS!
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12a
CASA CALADO
31a
CASA FRAGUITO
77a
LATOARIA JÚLIO
97a
MERCEARIA ANTÓNIO LUÍS

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