Vias do Marão

A cordilheira montanhosa, formada a norte do rio Douro, pelas serras do Marão-Alvão e Cabreira-Gerês, com orientação genérica norte-sul, constitui um obstáculo natural entre o litoral e o interior do norte do país. A região oriental da Serra do Marão é muito marcada pela veiga planáltica da Campeã, que se estende de Este para Oeste ao longo de mais de 5 km, criando um corredor natural de circulação que facilita a transposição da serra. Em consequência, instalou-se aqui, desde tempos muito remotos, uma importante via que fazia a ligação do interior transmontano ao litoral. Foi uma importante via medieval, muito provavelmente subsidiária da rede viária romana, que perdurou ao longo de muitos séculos.

Na veiga planáltica da Campeã entroncavam, na Via do Marão, caminhos provenientes das vizinhas regiões de Basto, Amarante, Baião, Penaguião e Vila Real.

A marca mais importante que o antigo caminho do Marão deixou na paisagem da Campeã consiste num notável conjunto patrimonial viário formado por um Arco Memorial (Marmoiral) e um cruzeiro do séc. XVIII, situados nas extremidades de um imponente troço lajeado com cerca de 200 m. É um património com profundo valor histórico, religioso e antropológico, que é representativo da memória coletiva das populações da freguesia da Campeã e de toda a região do Marão.

Carlos Balsa, in documentos vários

O conjunto arquitetónico constituído por Calçada, Arco Marmoiral e Cruzeiro do Senhor da Boa Hora foi já objeto de um pedido de classificação patrimonial cultural imóvel da Junta de Freguesia da Campeã à Câmara Municipal de Vila Real (em Julho de 2020) que se encontra ainda pendente, perante os pareceres das entidades competentes. A classificação é muito importante e premente, face à degradação e ameaças (alguma já concretizada).

É à volta destes factos, assim como da própria Via do Marão e as outras vias adjacentes, que vamos formar esta rubrica das nossas Memórias Marcantes.